Quando eu
era pequena tínhamos a roupa de domingo, aquela roupa para ocasiões especiais.
A expectativa para vesti-la trazia uma sensação maravilhosa, pois era o dia de
ficar "bonita", de roupa nova, de sapato novo e de cabelo bem
arrumado. Vestir a roupa de domingo era a certeza de um dia feliz, porque a
gente ia almoçar na casa da vó ou da dinda. Era vestir-se para o encontro... o
encontro com o outro.
Já
li muito sobre isso: a pedagogia do oprimido, a pedagogia do limite, a
pedagogia da autonomia... mas a pedagogia com cara de roupa de domingo, frase
compartilhada gentilmente por uma especialista em educação, querida Vanise
(como sabem, as pessoas me inspiram), em minha opinião, é o resumo lindo de
todas elas. Porque falar da roupa com cara de domingo nos remete à nossa
memória afetiva e onde tem afeto, tem significado. Onde tem significado, tem
aprendizado.
Acredito
que se a gente sair de casa todos os dias com a nossa alma vestida com a roupa
de domingo, certamente seremos a nossa melhor versão. Sair de casa com a alma
bem vestida sugere entusiasmo, expectativa, vontade, energia. É como se arrumar
para ver alguém especial. É sair de casa apaixonado pelo que faz!
Mas
não se limite aqui ao universo escolar por estar falando em pedagogia. A
pedagogia é ampla e generosa, recebe a influência de várias ciências, mas antes
de ser uma ciência é uma arte, porque é preciso sensibilidade para fazê-la. Envolve os cinco sentidos, é lúdica, adorável, intuitiva... e por isso, um tanto
permissiva, tolerante, paciente, pois permite
ser desfrutada em todas as áreas de nossa vida.
E
você, que roupa vestiu hoje?