O que nos une?

Unir, verbo transitivo, tem sentido incompleto, logo, necessita de complemento para fazer sentido, algo ou alguém. Esse verbo reuni dois ou mais, liga por laços afetivos (ou não). 

Pessoas se unem pelos gostos em comum, pelo cheiro, pelo projeto de vida, pela crença. Pessoas se unem pelo trabalho, pelo vinculo familiar, pelas memórias afetivas, pelas alegrias e também pela dor. 

Pessoas se unem pelas redes sociais e muitas vezes não se conhecem, e talvez nem chegam a se conhecer. Mas são capazes de criar vínculos importantes por compartilharem coisas que acreditam, por admirarem a história do outro e  por se inspirarem com elas. Coisa de gente que se importa.

E eu gosto de gente! Não que eu não goste de cachorro, mas eu gosto mesmo é de gente. Até porque é fácil gostar de cachorro, mesmo que você deixe ele de lado, ele está sempre ali para te receber e te dar um carinho. Experimenta deixar de lado o teu melhor amigo!

E as pessoas seguem se unindo, por concordarem e também por descordarem. Algumas pessoas se unem para que  nós possamos nos unir a outras pessoas. E muitas vezes essas apenas passam pelas nossas vidas, deixando um pouco de si e levando um pouco da gente.

Mas aqueles que ficam, permanecem conectados. 

Relacionar-se, porém, é tarefa difícil. Exige empatia. Talvez seja da minha natureza gostar de gente, e que fique claro, gosto dos cachorros, e de gatos também. Mas gostar de gente exige mais da gente, e eu também gosto de desafios. 

Gostar de gente exige ser um bom ouvinte, mas também um bom conselheiro. Gostar de gente exige calmaria, mas também intensidade. Exige tempo, disponibilidade. Exige tolerância, respeito, discernimento, afeto...gostar de gente exige o melhor da gente.

Acredito que seja o maior e melhor exercício de amor: doar o nosso tempo, abrir mão de nossas vontades (às vezes, e tudo bem) em prol da felicidade de alguém.

 

Unir é, sem dúvida, o verbo de que estamos todos carentes em tempos de isolamento, pois acredita-se que apenas a proximidade e a convivência fortalecem as relações. Então a gente vai experimentando novas formas de unir, ouvindo o que nem sempre é dito, percebendo os pequenos detalhes, desatando nós, fazendo laços, e construindo novas pontes.