Gol de placa

E foi aos 45 do segundo tempo, aos 45 anos, literalmente, quando ela pensou que o jogo já havia terminado, que o juiz (a vida), sinaliza o tempo de prorrogação: "e lá vai ela driblando todos os seus adversários, reais e imaginários...chuta na cara do goleiro, que nem viu a bola passar, e...goooooool!"

Gol de placa! Aquele mais bonito e extraordinário. Cheio de graça, arte e surpresa. Aquele tão perfeito em sua feitura que merece uma placa para ficar eternizado, que arranca aplausos até mesmo da torcida adversária. 

Gol de placa! Essa expressão vai além do universo dos campos de futebol, e hoje uso para compartilhar uma bela história, um feito com relevância, que merece destaque. 

Uma mulher que amadurece, e aos 45 anos se reconhece. E assim como num gol de placa, se eterniza. Uma mulher que usa seus recursos internos para potencializar suas qualidades.

Foi na prorrogação que ela passou a chamar mais a atenção e despertar nos outros certa estranheza por querer cuidar mais dela mesma.

Alguns chamariam isso de crise dos 40, ela chamou de gol de placa, pois se colocou na sua lista de prioridades. 

A mudança do seu corpo é de dentro para fora. Suas curvas contam suas histórias. Seus excessos, aqueles pneuzinhos, contam suas conquistas, especialmente aquelas que ela gerou em seu ventre, privilégio do universo feminino. 

Ela olha para a ansiedade da mulher de 20 e sorri, e acolhe a menina que ela foi um dia. Por um momento até deseja ter 20 com a bagagem de hoje. Mas  daí ela lembra de todas as suas experiências já vividas, suas escolhas, seus erros, seus acertos, do amor que encontrou (nesse caso, reencontrou) e de tudo que está vivendo agora, e celebra com a alma leve...

E vibra a cada gol de placa.