Em maio fui surpreendida com o convite
para escrever a contracapa do livro da minha talentosa sobrinha (Para Ser Além de Nós), e ao escrever
tive o insight do nome do meu livro (Meu Lugar de Poder), adiado por tantos anos. Era o que eu
precisava para escrever. Não sei qual a ordem, nem sei se tem, mas o título do
meu livro veio antes do conteúdo. E eu escrevi! Estamos ainda finalizando. Sim,
estamos, porque somos cinco - escritora, ilustradora, letrista (tem um toque
artesanal nesse projeto), revisora de texto e minha sobrinha que vai retribuir
a contracapa - Eu estou tão, mais tão feliz!
Em julho eu tive uma experiência muito
intensa (mais uma na minha vida). Fui encaminhada para o Hospital com suspeita
de estar infartando, e tudo que eu pensava naquela hora era o que eu tinha
feito HOJE! Não ontem, mas hoje. Fiquei pensando o que eu tinha feito com os
meus filhos, não quando eles eram pequenos, não me veio nenhuma memória da
infância deles, apenas de hoje: o que eu disse, o que eu fiz e quanto tempo passei com eles. Pensei nos meus pais e irmãos: falei com
eles hoje? O que eu fiz no meu trabalho, se dei o meu melhor, se eu reclamei
muito hoje, se eu gradeci. Disse algo gentil? Fiquei feliz de lembrar que tomei café
com a minha amiga Amanda e com a tia Alda. E no caminho, na ambulância,
olhei para o lado e quem estava lá? Meu ex-marido (o meu ranço), mas
ele estava lá. E lembrei dos 18 anos em que fomos casados e agradeci pelos
filhos que tivemos. Meu diagnóstico foi de costocondrite, uma inflamação
nos músculos do peito, e os sintomas são muito parecidos com um infarto, não que
eu já tenha tido um, mas fui encaminhada por isso.
O que eu quero dizer é que eu não senti
medo. Eu achava que tinha medo da morte, mas descobri que não tenho medo de morrer.
O único medo que senti é de não ter vivido bem o dia de hoje. Não pensei como
ficariam meus filhos se eu faltasse, o que sempre me preocupa! Eu só pensava O
QUE EU FIZ HOJE? Então entendi que esse
é o maior exercício de estar presente que eu já fiz na minha vida: viver o
hoje. Foi um "chacoalhão". Pensei no que estou fazendo, como estou me
alimentando, como tenho vivido os meus dias, que entregas tenho feito e o que
estou disposta à receber. Então precisei "morrer " - de alguma forma
eu morri - para voltar a viver.
Em setembro me reuni com amigos de uma vida toda, todos nascidos em 1974 (sempre confie em uma pessoa que nasceu em 1974, afinal Suprtram estourou com a música Dreamer - é o que somos: Sonhadores). Esses meus amigos estão na minha lista das melhores pessoas que eu conheço, sim, eu tenho uma lista dessas pessoas, e acreditem, não é uma lista pequena, porque eu ainda acredito nas pessoas. Estar com eles é sempre combustível para uma vida incrivelmente perfeita.
Em novembro paguei a última parcela da
carteira de habilitação do meu filho. Foram 24 parcelas, dois anos! Antes eu tinha
vergonha de dizer que "paguei" a minha carteira de habilitação há 26
anos atrás (espero não ter a minha carteira suspensa por essa tardia
confissão, mas fazer a baliza numa lomba? Sério? Sacanagem!), mas hoje, considerando o que se paga para ter uma habilitação, vejo
que nada mudou. Mas enfim, são conquistas e aprendi a comemorar todas elas.
Também conclui a minha pós graduação, um
projeto longo e demorado, adiado, cancelado, retomado, mas que com o apoio de
alguns colegas muito especiais que não pouparam palavras de incentivo e de vários:
"vai lá Jana, tu consegue", enfim terminei! Então resolvi começar algo novo, e estou estudando espanhol. Quem sabe isso me leve (literalmente) a outro lugar?! Vou colocar uma viagem no topo da minha lista para 2022.
Formei a minha primeira turma como tutora no curso de Pedagogia. Mais uma conquista a ser comemorada, porque, com certeza, é para isso que eu vim ao mundo, para formar pessoas. Viver esse momento com elas, foi reviver a minha experiência e reafirmar o meu propósito de vida, um deles.
Mas ler o e-book da turma do nono ano, uma turma que eu acompanhei por três anos (no segundo, no terceiro e no quarto ano como professora, e até hoje como amiga), e me ver nas melhores memórias dos meus alunos (e do meu filho do meio), foi, sem dúvida, uma das melhores experiências que eu já vivi. Eu li a minha vida todinha nas lembranças deles e pude ter a certeza de que tudo está valendo muito a pena.
Encerro o ano com a minha terceira turma no Projeto Pescar, um projeto que entrou na minha vida e está completamente alinhado com tudo que eu acredito. Um lugar de acolhimento, de pessoas cheias de propósitos, sonhos e projetos. Conheci pessoas que fizeram aquela minha lista do outro parágrafo aumentar um bocado.
Foi - está sendo - um ano incrível. Não consigo lembrar de algo não tão bom que tenha acontecido...(ah, lembrei). Mas foram tantas coisas boas, que faz, as não tão boas, servirem de aprendizado (juro, eu sigo tentando).
E lá vamos nós encerrando mais um ciclo, abrindo espaço para o novo. Novos sonhos, novos projetos, novas listas (estou na fase das listas, muitas, para tudo). E na minha lista para 2022 estão as clássicas perder peso, fazer uma atividade física, me alimentar melhor, guardar algum dinheiro, evoluir espiritualmente, encontrar a minha alma gêmea, ler alguns livros - no meu caso, lançar o meu - viajar, aprender a tocar violão, e seguir aumentando a minha lista das melhores pessoas que eu conheço. Claro, não necessariamente nessa ordem!
Que 2022 seja tão maravilhoso quanto 2021 e que eu possa continuar enxergando o lado bom de todas as coisas.